Fortaleza de Santiago
Pensa-se que, foi edificada sobre as ruínas da Fortaleza de S. Valentim (Manuelina), parcialmente destruída em 1602 pelo ataque de uma armada inglesa. A ordem de construção foi emanada por D. João IV, após a Restauração de 1640, enquadrada no plano de renovação das linhas militares costeiras, para garantir a defesa do burgo contra ataques de corsários marroquinos e espanhóis. A edificação deste imponente conjunto de arquitectura militar seiscentista, foi dirigida pelo padre jesuíta, de origem flamenga, e coronel de engenharia, João de Cosmander (Hertogenbosh, 7 de Abril de 1602 – Olivença, 20 de Junho de 1648), de acordo com as novas técnicas militares vigentes. Em 1648 após a conclusão da obra, o comando, foi entregue ao Capitão-Mor, Diogo Garcês Palha.
No interior da panorâmica Fortaleza de Santiago, estrategicamente implantada no coração da baia de Sesimbra, são visíveis as várias dependências militares, que podemos identificar como a residência do Governador, a ala do Governo Militar da região (1712) entre as duas torres que a delimitam, as divisões destinadas à guarnição, as cisternas, o paiol, a capela e as masmorras, todas em muito bom estado de conservação. Exteriormente o aspecto austero da fortaleza impera pela sua firmeza, o portal principal é encimado por uma pedra heráldica da fundação (1648), no pátio, à entrada, numa parede existia uma pintura em madeira do sec. XVII, representando S.Tiago a investir de espada erguida.
Em 1712 foi nela instalado o Governo Militar da Região, que possibilitava o controle das rotas marítimas do Sul, que se dirigiam a Lisboa. Este comando compreendia uma vasta área desde a Torre do Outão até à Lagoa de Albufeira, incluindo: o Forte de Santiago (Outão), o Forte do Portinho (Arrábida), o forte de S. Teodósio (Cavalo), o Forte de S. Domingos da Baralha (Foz), o forte da Senhora do Cabo e o Forte de S. Pedro. Note-se ainda que esta fortificação serviu como Cidadela Real para veraneio, além de acolher na época balnear os " meninos de Palhavã ", filhos ilegítimos de D. João IV.
O terramoto de 1755 provocou-lhe vários estragos, que foram corrigidos com obras de reconstrução da muralha norte, da porta de entrada e do Quartel do Capitão-Mor. Sendo abandonada pela guarnição em 1832, embora o último registo com referência á guarnição seja de 1846, foi entregue em 1879 à Guarda Fiscal, e cedida desde 1886 à alfândega. Em 1938 foram efectuadas alterações no seu interior, construção de balneários e tanques, para acomodar a colónia balnear infantil da Guarda Fiscal.
Em 1955 é elaborado pelo arquitecto António Lino e o topógrafo Rogério Pereira, o projecto de adaptação da Fortaleza a Hotel de Turismo, reservando uma das instalações para Secção de Pesca Oceânica. Sendo as cerimónias do Campeonato do Mundo de Caça Submarina de 1958, realizadas no edifício.
Em 1965 inicia-se as aspirações da Câmara Municipal de Sesimbra em recuperar o espaço e devolvê-lo á população com a criação de um núcleo museológico. O processo foi longo, percorrendo-se várias etapas: 1973 – fundamentos conceptuais para a instalação do Museu do Mar na Fortaleza, Prof. Agostinho da Silva no jornal o Sesimbrense; 1977 - declarado Imóvel de Interesse Público, Decreto Lei nº 129/77, DR, 1ª série, nº 226; 1981 - a Câmara Municipal de Sesimbra propõe a cedência de terreno para instalação da Guarda Fiscal que efectua em 1998; 2006 – a 4 de Maio o espaço é aberto ao público; 2008 – é subscrita pela G.N.R. a proposta da C.M.S. e apresentada a requalificação do edifício sendo aprovada pelo QREN; 2010 – é celebrado entre as diferentes entidades envolvidas no processo a cedência da utilização do imóvel pelo município por um período de 87 anos; 2012/13 – Obras de requalificação; 2014 – a 25 de Julho é inaugurada e aberta ao púbico a obra projectada.
|