Minerais e Espeleoformas

    Património Natural

A lapa do Fumo é uma cavidade natural, há muito conhecida pelas populações locais que também a denominavam como lapa do Martelo, situa-se nos calcários do Jurássico da Serra dos Pinheirinhos a 217 metros de altitude coordenadas 38°26'2.07"N ; 9° 8'39.56"W.

 Planta, cortes e alçados da Lapa do Fumo - Executado por Rui Francisco.

Do ponto de vista espeleológico, trata-se de uma galeria fóssil, que se desenvolveu ao longo de um eixo com a orientação S.E. - N.W., com cerca de 70 m de comprimento, sendo a sua largura e altura máxima, respectivamente 12 m e 7 m. É composta por uma grande sala que se encontra dividida por um eixo de formações calcíticas, com orientação preferencial de 302º, comunicando com outras mais pequenas. O acesso é feito sem dificuldade de forma desnivelada atingindo os 6 metros na zona mais profunda. Ao longo dos cerca de 565 m2 da sua área apresenta várias e diversificadas formações, estalagmites, estalactites e algumas bandeiras, de tonalidades castanhas, porém pelos pedaços partidos, encontrados no chão ou pelas formações vandalizadas, pode-se observar anéis mais antigos completamente hialinos.

Do ponto de vista arqueológico foi reconhecida, em 30/08/56 por E. da Cunha Serrão, tendo sido recolhido um machado de pedra polida e vários fragmentos de cerâmica, em 28/10/56 recolheram-se 80 moedas Árabes. O que demonstrou imediatamente a sua longa ocupação, por diferentes povos. Efectivamente trata-se de uma Necrópole do Neolítico médio e final (IV milénio a. C.), com ocupação humana até finais da presença islâmica (século XII d. C.), o que indica que foi frequentada sistematicamente ao longo de cerca de cinco milénios. (Serrão, 1978)

Foi classificada como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto-lei n.º 28/82 de 26 de Fevereiro.

Escavações e publicações sucederam-se entre 1956 e 1978, subsidiadas pela Câmara Municipal de Sesimbra e a Fundação Calouste Gulbenkian desde 1964, levadas a cabo por Cunha Serrão, primeiro a só e depois acompanhado por Rafael Monteiro, Gustavo Marques, José Arnaud, Oliveira Jorge etc... A primeira campanha de escavações foi efectuada em 9/9/57 por Cunha Serrão, utilizando o método "grid system".

"... começando por abrir um quadrado com 2 m de lado, 8,5m da entrada, que foi explorado por camadas de 20 cm. (1), até encontrar um chão estalagmítico que, neste local e até onde o pude reconhecer, se mostrou estéril. (1) Não tendo encontrado estratigrafia suficientemente esclarecedora na primeira sondagem, procedi à escavação da parte restante por camadas arbitradas" (Serrão, 1958).

Seguindo-se mais quatro em 1958 e 1959, tendo sido recolhido espólio referente a épocas do Neolítico, Campaniforme, Bronze, Ferro e Romana, além de restos osteológicos humanos.

"... a cerâmica é a nota mais interessante desta estação, pois nos 4m3 de terreno explorados num só quadrado o nº 1, encontrei cerca de 2.000 fragmentos que pertenceram a uns 200 vasos que podem classificar-se em pelo menos 11 tipos cerâmicos distintos" (Serrão, 1958).

 

Corte estratigráfico da Lapa do Fumo
(seg. Serrão, 1994: 76)


 1. Estrato com mistura de materiais;
 2. Predominância de cerâmicas do Bronze avançado e   final;
 3. Materiais do Calcolítico;
 4. Bolsa com materiais escassos e incaracterísticos;
 5. Depósitos arenosos concrecionados;
Obs. Predominância de cerâmica com ornatos brunidos;
 T. Zona de tumulações.



Na segunda fase das escavações, foram efectuadas mais cinco campanhas que decorreram entre 1965 e 1970, onde foram recolhidos materiais datados do Neolítico antigo, cultura Dolménica e Campaniforme.

Como as escavações e sondagens realizadas incidiram sobre vários sectores da gruta e talvez porque a ocupação humana se prolongou por cerca de cinco milénios, em nenhum dos cortes estratigráficos analisados se consegue ter a sequência completa. No entanto através do numeroso espólio recolhido é plausível fazer uma sequência cronológica, tomando por base cinco estratos bem diferenciados, ao longo da área intervencionada entre 1955 e as campanhas até 1964, sendo possível criar uma sucessão cronológico-cultural, que passo a descrever (Serrão, 1978).

- Neolítico médio - Jazida 1 situada a 45 m. da entrada da gruta, tumulações acompanhadas por vasos grandes em forma de saco com pequenas pegas perfuradas alternando com outras mamilares, decorados com incisões parecendo "folhas de acácia", vasos pequenos de forma hemisférica, com uma única linha de incisões decorativas, junto ao bordo. Poucos artefactos de indústria lítica em sílex, toscamente afeiçoados.

- Neolítico final (feição dolménica ) - Jazidas 2, 3 e 4 situadas respectivamente a 60 m., 70 m. e 9 m. da entrada da gruta, tumulações feitas com mantos de pedras e lajes, num estrato de cor avermelhada, (ritual do ocre vermelho), cujo mobiliário de tipologia da cultura megalítica alentejana, era formado por vasos cerâmicos não decorados. Artefactos de indústria lítica representada por micrólitos trapezoidais, lâminas prismáticas em sílex, e instrumentos de pedra polida. Artefactos de adorno e culto como: colares de contas discóides de calcário, ardósia, e bicónicas de lenhite, ídolos em osso, placas de xisto gravadas.

- Calcolítico - Jazidas 3 e 4, tumulações sobrepostas á camada anterior, onde pela primeira vez surgem fragmentos de cerâmica campaniforme; placa de arqueiro; artefactos de sílex, restos de placas de xisto.

- Bronze Final - Jazida 4, tumulações pavimentadas com lajes e pedras, acompanhadas de artefactos de bronze, nomeadamente pontas perfurantes, anilhas, anzóis e restos de acessórios de adorno. Embora não associadas directamente aos depósitos funerários surgem nesta fase duas variedades de cerâmica, ambas mostrando polimento das superfícies exteriores de pasta negra e castanho escura. Uma das variedades não mostra qualquer decoração enquanto a outra mostra os denominados ornatos brunidos geométricos estando associada a artefactos de bronze.

- Idade do Ferro - Recolhidos em bolsas escavadas á superfície da gruta, alguns fragmentos cerâmicos com decorações formadas por faixas de cor vínica ( cerâmica ibérica ) e taças muito abertas de cor cinzenta escura.

- Época Romana - Achados de superfície revelaram a presença na gruta de alguns bicos de ânforas.

- Idade Média - Foram também recolhidos á superfície e em pequenas bolsas tipo silos, fragmentos de cerâmica vidrada ou não do tipo arábico ou português arcaico, e na zona da entrada da gruta algumas dezenas de moedas muçulmanas ( quirates ) que revelam pormenores curiosos sobre o séc. XII, época em que a região estava ainda na posse dos muçulmanos.

Do numeroso espólio recolhido na Lapa do Fumo são dignos de destaque algumas peças, que passo a analisar:

Um vaso quase completo, encontrado num extracto a 57 m da entrada da gruta, cujos fragmentos permitiram a sua reconstituição, em forma de saco com duas pegas perfuradas, alternando com protuberâncias, decorado no exterior a partir do bordo com faixas paralelas de incisões obliquas, dando a sensação de "folhas de acácia". 

Este achado tem paralelo com um outro (foto 1) muito semelhante encontrado na Gruta de N. Senhora da Luz, Rio Maior - Santarém (Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia), além de um outro proveniente da gruta da Furninha e de vários fragmentos encontrados em Olelas. 

Cronologia finais do 5º milénio (Serrão, 1978).


Uma lâmina de osso, com 9,5x2,3 cm, trabalhada com recortes e incisões oblíquas, apresentando dois orifícios na parte superior, tal como as placas de ardósia, possivelmente um ídolo, recolhida quando foram peneiradas terras sem garantia de localização exacta, pensa-se que faria parte das tumulações da camada megalítica (Serrão, 1975). 

Um artefacto em osso (foto 2), com 7,5 x 1,5 cm, em forma de furador, trabalhado com recortes na parte superior, apresentando quatro incisões circulares, logo abaixo do orifício de suspensão, tendo paralelo num outro recolhido na Gruta da Euphorbia em 2005 do tipo espátula ou furador. 

Uma pequena estatueta zoomórfica em osso (foto 3) representando um coelho.





Placas de Xisto procedentes da Lapa do Fumo

Serrão considerava-a uma peça única, de facto este objecto de culto em ardósia, medindo 5,3 cm x 3 cm, que apresenta dois orifícios cónicos na parte superior, nitidamente para suspensão, com decoração incisa e singela, semelhante á das placas de xisto gravadas, possui um formato que não pertence a nenhum dos padrões conhecidos, " Não conheço qualquer paralelo, mas identifica-se com o mundo dos ídolos placas de ardósia " (Serrão, 1977).

Curiosamente se prolongarmos as linhas laterais do extremo oposto aos orifícios obtemos uma configuração semelhante a um báculo, (foto 4), não seria o primeiro caso de reaproveitamento de um báculo partido, como a "relíquia" de báculo de Barrocal das Freiras (foto 5) (K. Lillios, 2010), mas devido ás suas dimensões tão pequenas, não será correcto, talvez tenha sido usada como um "amuleto", uma pequena "relíquia", tal como os discos cranianos, pequenos pedaços arredondadas retirados por trepanação, algums perfurados que foram encontrados em tumulações neolíticas no sul da Península Ibérica nomeadamente, na Lapa do Bugio (Cardoso, 1992), Olival da Pega 1 e 2 (Gonçalves, 1999), ou Anta da Capela (Leisner e Leisner, 1959) situação documentada e estudada por Katina T. Lillios em "Material Mnemonics Everyday Memory in Prehistoric Europe - 2010".
As placas de ardósia, na forma de "placa-relíquias", assim como restos humanos reflectem uma necessidade dos povos do Neolítico de se envolverem durante longos períodos de tempo com objectos e corpos de seu próprio passado (Mills and Walker, 2008).

A cerâmica de ornatos brunidos, característica do Bronze Final, inicialmente identificada na Lapa do Fumo (Sesimbra), é caracterizada por pastas finas, superfície alisada e brunida. Os 36 fragmentos recolhidos, atribuíveis a cerca de 20 vasos (Serrão, 1958), são de pequenas dimensões não permitindo a reconstituição dos recipientes que seriam de bojos pronunciados e abertura larga ou com carenas altas, com fundos planos, havendo paralelo com os exemplares da Roça do casal do Meio de Calhariz (Spindler et al., 1973/74).
Destacam-se os elementos decorativos que apresentam geralmente motivos geométricos (faixas paralelas e oblíquas, espinhados e reticulados) em cores contrastantes claro / escuro, semelhantes a pintura.
Esta técnica era produzida por incisões muito finas aplicadas na pasta já seca mas antes da cosedura, obtidas pelo uso de uma ponta romba (bornidor) sobre a superfície dos recipientes. Os sulcos assim conseguidos, apresentam um brilho mais acentuado e uma coloração mais escura ou mais clara, contrastando com a da superfície, isto é se a pasta é de cor cinzenta os sulcos tornam-se negros, se pelo contrário a paste é de cor castanho claro os sulcos tornam-se castanho escuros.


A lapa do Fumo também forneceu vários exemplares de moedas muçulmanas, do tipo Quirates, espécie monetária em prata. Em 1956 E. Serrão recolheu 76 exemplares que foram estudados por J. Figanier em 1958 e posteriormente em 1968 por J. Marinho, dos estudos realizados concluiu-se, que algumas haviam sido cunhadas em Silves e uma outra em Beja, o que revelou na época a existência de oficinas monetárias nestas cidades, até então desconhecidas.
Sendo um grupo de seis relativas aos tempos de soberania Almorávida e as restantes setenta relacionadas com vários reinos dissidentes dos Taifas.
Ao longo das diferentes escavações foram aparecendo mais moedas ora á superfície ora em pequenas bolsas nos estratos explorados. Em 1976 foram recuperadas de um achador, mais "50 quirates entregues a J.Marinho para interpretação, aguardando-se ainda hoje que a Direcção-Geral do Património Cultural determine qual o destino que se lhes deve dar " (Serrão , 1977).


No conjunto de inumações escavadas por Eduardo da Cunha Serrão e Gustavo Marques em 1964, cujo espólio antropológico está no momento à guarda do Museu Nacional de Arqueologia e do Museu Municipal de Sesimbra. Foi detectado nalgumas o denominado ritual do Ocre Vermelho e a presença de carvões, " O ritual do «ocre vermelho» era evidente (dando aos depósitos desta camada um colorido avermelhado), e dos fogos purificadores muito provável " (Serrão , 1977).
O polvilhamento dos cadáveres e do mobiliário funerário com o ocre vermelho é um ritual milenário usado e documentado em muitos contextos funerários. Recorde-se que na Gruta de Qafzeh em Israel, a mais antiga tumulação intencional descoberta em 1933 por R.Neuville, demonstrou-se a presença de 71 peças de ocre vermelho associadas a sepulturas de á cerca de 100.000 anos, "We found 71 pieces of ochre and established a clear link between the red ochre and the burial process, it seems to have been used as part of a ritual,"(Encontramos 71 pedaços de ocre e estabeleceu-se uma ligação clara entre o ocre vermelho e o processo de sepultamento, parece ter sido usado como parte de um ritual) Dr Erella Hovers of the Hebrew University of Jerusalem told BBC News Online.
No contexto nacional também á evidências como por exemplo:
No enterramento infantil 
(foto 7) do vale do Lapedo, "A presença e distribuição do ocre no contexto sepulcral explicar-se-ão, assim, pelo facto de essa mortalha ter sido tingida de vermelho com recurso a uma tinta preparada à base deste pigmento mineral, o qual, após a decomposição do suporte sobre que havia sido aplicado, se acumulou sobre os ossos do esqueleto e nos sedimentos que o embalavam. Na zona do pescoço havia uma concha furada de Littorina obtusata também ela tingida de ocre vermelho", datado de cerca de 24 500 BP (João Zilhão e Erik Trinkaus, 2002).
Nas Grutas do Poço Velho em Cascais, onde foram encontradas pequenas taças de calcário com ocre vermelho e conjuntos de ossos queimados
(Nathalie Ferreira, 2005), indicando que estas comunidades camponesas poderiam ter ateado fogueiras como processo de higienização do espaço, visto que a elevada massa de corpos em decomposição nas exíguas cavidades das grutas assim o exigia, ou tratar-se-ia de fogueiras rituais (Cardoso e Santinho Cunha,1995).
Ou em vários dólmenes do Alentejo onde se nota no ritual funerário, o uso do ocre, bem como vestígios de acção do fogo sobre o espólio (Silva et al., 1993).
O numero mínimo de indivíduos NMI da necrópole da Lapa do Fumo está calculado como sendo de 13
(Rui Boaventura, 2009) o que é relativamente pequeno se atendermos ás dimensões da cavidade e a valores muito superiores encontrados em necrópoles da zona, Lapa do Bugio NMI 70, Lapa da Furada NMI 130. Talvez porque o espólio osteológico humano recolhido não foi ainda submetido a um estudo antropológico laboratorial e possivelmente mais haveria a recolher nomeadamente fragmentos de ossos, dentes etc...
Foram efectuadas duas datações por carbono 14, a primeira em 1970, de uma amostra de carvão proveniente das tumulações, realizada no Laboratório do Instituto da Universidade de Colónia, com o resultado de 3090+- 160 a.C. e uma segunda em 1986, de uma amostra de ossos humanos, realizada no Laboratório Nacional de Tecnologia Industrial de Lisboa, com o resultado de 4420 +- 4 B.P.

Texto: Orlando Pinto, 2014






 Planta elaborada por E. da Cunha Serrão

  Caderno de campo de E. da Cunha Serrão

 Cerâmica de Ornatos Brunidos

  Fases cronológico-culturais (Serrão 1977)

  Machado em fibrolite do Neolítico 
Lapa do Fumo

 Foto 1 - Neolítico antigo - Gruta N.S.da Luz Inv. MNA: 989.8.1

Foto 2 - Objecto em osso 

   Foto 3 - Estatueta zoomórfica

 Machado de Pedra Polida 
Lapa do Fumo

Foto 4

 
Foto 5 - Báculo do Barrocal das Freiras 

 Foto 6 - Cerâmica de Ornatos Brunidos
Lapa do Fumo

 Machado de Bronze
Lapa do Fumo

 Moedas Muçulmanas Lapa do Fumo

 Cerâmicas Muçulmanas da Lapa do Fumo
1 Taça 2 e 3 Bilhas - (Carvalho e Fernandes, 1996)

 Foto 7 - Menino de Lapedo


Origem das fotografias: O Tempo do Risco - Carta Arqueológica de Sesimbra, 2009 ; museu-maeds.org/pecas ; fotoarchaeology.blogspot.pt ; R.J.Rodrigues, CM Sesimbra ; Base de dados ESPRIT ; 
CNS:
 261 

Datações do Sítio: ICEN-240 - Data BP: 4.420 ± 45 Cal BC (2 σ): 3.330 - 2.910

Bibliografia:
 Investigação Arqueológica na região de Sesimbra, Porto, 1959, E. Cunha Serrão; Escavações em Sesimbra, Peniche e Olelas - métodos empregues, in Actas e Memórias do 1º Congresso Nacional de Arqueologia, 1º vol., Lisboa, 1959, E. Cunha Serrão e E.Prescott Vicente; Cerâmica com ornatos a cores da Lapa do Fumo (Sesimbra), in Actas e Memórias do 1º Congresso Nacional de Arqueologia, 1º Vol., Lisboa, 1959, E. Cunha Serrão; Carta arqueológica de Sesimbra - desde o Paleolítico antigo até 1200 d.C., Setúbal, 1973, E. Cunha Serrão; Cerámica Proto-histórica da Lapa do Fumo (Sesimbra) con ornatos coloridos e bruñidos. E. da C. Serrão - Zephyrus, 1958, Vol. 9; O Tempo do Risco - Carta Arqueológica de Sesimbra, M. Calado et al, 2009A Arrábida no Bronze Final – a Paisagem e o Homem - Ricardo Soares, 2012; Portal do Arqueólogo - arqueologia.igespar.pt/; Base de dados ESPRIT; Manifestações funerárias da Baixa Estremadura no decurso da Idade do Bronze e da Idade do Ferro (II e I milénios A. C.), J. Luís Cardoso 2000; As antas e o Megalitismo da região de Lisboa - Volume 1 - R. J. N. Boaventura, 2009; Eduardo da Cunha Serrão e os anos 60-70, na Arqueologia do Sul de Portugal, F.S. Lemos - ‎1991; CeramicaUtilitaria - Instituto dos Museus e da Conservação - 1.ª edição - M. D. Cruz e V. H. Correia, 2007; Moedas árabes de Beja invocando Ibn Qasi - M. T. Antunes e A. Sidarus, 1992