Minerais e Espeleoformas

    Património Natural

Este algar foi assim chamado, porque a sua destruição ocorreu no dia seguinte á sua descoberta. Mais uma vez, pelos interesses económicos das pedreiras. Situava-se á cota dos 240 metros na pedreira da Sobrisul, segundo informações locais, foi detectado a 10/10/1999, como um enorme buraco dentro da pedreira, no dia seguinte a mando dos exploradores da pedreira foram feitas tentativas de o obstruir, descarregando pedras durante várias horas, numa primeira tentativa infrutífera.

Passo a descrever o artigo " A destruição total do maior poço subterrâneo alguma vez descoberto na Cadeia da Arrábida " publicado por Francisco "Loia" no Blog "cheiramesmoamorto.blogspot.pt".

"A 10 de Outubro de 1999, fomos informados por um trabalhador da pedreira Sobrisul que nesse dia, um Sábado, tinha sido posto a descoberto um enorme buraco dentro da pedreira.

No dia 11, aproveitando que a pedreira não estava a trabalhar, fomos averiguar e de facto lá estava o dito “buraco”. Tinha-nos sido dito, pelo mesmo trabalhador, que tinham estado durante toda a tarde de Sábado, com carros, a descarregar pedras com a intenção de o tapar ou disfarçar, mas não conseguiram.

Tratava-se de um enorme algar a 240m de altitude sobre uma entrada muito fracturada e perigosa. Para evitarmos a queda de alguma pedra, colocamos um ferro grosso atravessado no centro do poço e descemo-lo.

Depois de terem estado a deitar pedras lá para dentro, ainda descemos 18m até uma parte onde o poço se unia a outro. Estavam separados por muito pouco e ambas as paredes eram bem concrecionadas por mantos calciticos e formações como “asas de borboleta”.

Era o algar mais belo que vi até hoje, um património digno de ser visto por mais olhos, uma mais valia que poderia ser acrescentada ao restante património natural existente na Arrábida.

Saímos sem saber bem a quem recorrer para defender aquilo que tínhamos constatado, na Segunda-feira seguinte fomos contactados.

A pedido do Parque Natural, quatro elementos da nossa equipa dirigiu-se à pedreira na companhia de um técnico seu e de um responsável da pedreira. O dito responsável, com um ar intimidante, lá nos levou à entrada do buraco.

Voltamos a desce-lo para topografa-lo, fotografa-lo e fazer um relatório de observação. No dia seguinte o algar deixava de existir, foi definitivamente entulhado para que uns tantos miseráveis poderem continuar a enriquecer com a destruição do bem comum gerando, pouco a pouco, miséria nas gentes locais e no património, que para além de estarem dentro de um parque natural, pouco lhes vale."




Texto: Orlando Pinto, 2014



Origem das fotografias: Riquezas Subterrâneas da Arrábida Edição - NECA ; cheiramesmoamorto.blogspot.pt 

Bibliografia: cheiramesmoamorto.blogspot.pt/2009