Cavidade cársica do tipo falha, situada no Portinho da Arrábida, entre a lapa de Stª Margarida e o Forte de Stª. Maria da Arrábida. Foi identificada pelo NECA - Núcleo de Espeleologia da Costa Azul, em 1996 numa actividade de prospecção.

Mas pensa-se que já fosse do conhecimento das populações locais desde longa data, com base nas informações escritas, fornecidas pelos párocos de Setúbal, em 1758 relativas ao estado das respectivas freguesias após o terramoto de 1755.

" ... entre a dita lapa (Lapa de Santa Margarida) caminhando para a parte da fortaleza tem algumas concavidades junto ao caminho muito perigosas donde ha noticia morreo hum religioso Arrabido, a que chamam Alcantis, que são como posos estreitos e se comunicam ao mar. " (Setúbal Após o Terramoto de 1755 - pubicado em 1957, Rogério Claro)

Do ponto de vista espeleológico, é uma gruta de uma génese espetacular, provocada pela acção mecânica de abrasão marinho associada a actividade cársica nas muitas fracturas, originando uma imensidão de arlgares verticais que a penetram. Implantada em biocalcarenitos miocénicos (M. T. Antunes, 1991). Apresenta uma área de cerca de 2640 metros quadrados, com um desnível de +6,6 metros nos seus 120 metros de comprimento por 4 metros de largura e 3 de altura média, que disponibiliza 28 entradas acessíveis por terra e por mar, apresentando várias galerias, sendo uma delas de 50 metros quadrados, com uma pequena praia.

Em 1996, o NECA, efectuou trabalhos de desobstrução e em 2012 os espeleólogos do CAS - Carta Arqueológica de Setúbal, fizeram o levantamento topográfico.

Do ponto de vista Arqueológico, ainda não foram detectados restos faunísticos quaternários nem indústria lítica, talvez porque que actualmente as águas marinhas que percorrem parte deste complexo cavernícula tenham despistado esses vestígios, não acredito que as gerações que passaram pelas vizinhas lapa de Stª Margarida, considerada uma gruta com ocupação no período Paleolítico, com restos de fauna e materiais líticos (G. Zbyszewski e H. Breuil,1945) e gruta da Figueira Brava, considerada uma gruta com ocupação durante o Paleolítico Médio, com uma indústria lítica correspondente a Mustierense típico (Raposo, L.; Cardoso, J.L., 1995), associada à presença de restos neandertalenses com datação por radiocarbono de 30.930 ± 700 B.P., a partir de conchas de moluscos marinhos (Antunes et al., 1989), tivessem desperdiçado os vários abrigos que a Lapa Verde disponibilizava desde á 30.000 anos, quando o mar com o avanço da glaciação Würm se situava a cerca de 60 metros abaixo do nível actual, originando uma extensa planície litoral (J. Pais e P. Legoinha, 2000).

Estatuto de protecção: Parque Natural da Arrábida.

Texto: Orlando Pinto, 2014

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