A Lapa dos Morcegos ou Forno das Feiticeiras, é uma cavidade cársica situada nos calcários Jurássicos J²p da serra da Arrábida, a cerca de 400 metros do Outão à direita da EN 379-1, em direcção ao Portinho. Conhecida desde sempre pelos pastores locais, que a denominavam por Lapa das Cabras desde o séc. XIX quando decidiram aproveitar a entrada como curral.
Do ponto de vista espeleológico trata-se de um cavidade cársica de origem tectónica na cota dos 44 metros, que se formou numa junta de estratificação de calcários Jurássicos, apresentando uma ampla entrada em V invertido e formada por um complexo de galerias ao longo de 54 metros, com um desnível de -8,76 metros. Ocupando uma área de cerca de 320 metros quadrados, onde se podem observar estalagmites, estalactites e colunas. No Arqueólogo Português de 1905, Inácio Marques da Costa, refere-se a ela desta forma:
" ...Seguindo por esta vereda uns 400 metros alem de Outão, fica-nos do lado direito a lapa dos Morcegos, formada pelo afastamento de duas camadas do calcaeo jurassico, e onde os pastores da serra costumam afilhar o gado."
Em 2012, foram executados trabalhos de topografia e sondagens, pela equipa de espeleólogos da CAS - Carta Arqueológica de Setúbal que procedeu ao levantamento topográfico e respectiva memória descritiva.
Do ponto de vista arqueológico aguardava-se resultados de exploração arqueológica que viessem confirmar as suspeitas de Marques da Costa, que na mesma edição do Arqueólogo Português descrevia desta forma:
" ... Em differentes pontos nas próximidades d'esta lapa achei, aflorando á superficie da terra, diferentes vestigios da industria humana, taes como: fragmentos de louça grosseira de barro, mal escolhido e não afeiçoado com auxilio da roda de oleiro, fragmentos de machados de pedra polida, cascas de molluscos, etc., os quaes pela sua natureza e fabrico julgo serem da epoca neolithica." (M. Costa, 1905)
Na década de 1970, Carlos Tavares da Silva efectua duas prospecções que possibilitaram a recolha de artefactos relativos ao período orientalizante, Sec. V a.C. e fragmentos de cerâmicas do calcolítico. Em 2005/6 realizou-se uma prospecção selectiva por Sílvia Roberto e Susana Santos, com o intuito de caracterizar a situação de referência patrimonial actual. Encontrando-se catalogada como uma gruta natural com cerâmica campaniforme incisa.
Texto: Orlando Pinto, 2014
Origem das fotografias: geocaching.com/geocache/GC1704M ; Património Cavernícola da Arrábida Oriental - Agosto de 2013 - Vídeo realizado no âmbito da CAS- Carta Arqueológica de Setúbal
CNS: 8152
Datações do Sítio: Calcolítico Final
Bibliografia: arqueologia.igespar.pt; Estações préhistóricas dos arredores de Setúbal. In O Arqueólogo Português - I. Marques da Costa, 1905; Património Arqueológico do Distrito de Setúbal. Subsídios para uma carta arqueológica. C. Tavares da Silva et al., 1993, sesimbrasubterranea.blogspot.pt