A Lapa dos Pinheirinhos 1 situa-se na Serra dos Pinheirinhos a 300 metros a Este da Lapa do Fumo , GPS (m=111314, p=163547), ocorrendo devido á fracturação existente no doma da Cova da Mijona, trata-se de uma estrutura tectónica (Manuppella, 1999), com uma sala de cerca de 24m2, com sentido preferencial de 92º e apresentando um desnível de -1,80 metros.

Esta cavidade já era do conhecimento dos pastores locais que a usam como abrigo, foi registado pelo Neca - Núcleo de Espeleologia da Costa Azul, para posterior exploração, apresentando-se colmatada por blocos rochosos e materiais arqueológicos. Foi alvo de prospecção arqueológica em 1999 e exploração em 2000.

Recorde-se que se situa na região do povoado dos Pinheirinhos, descrito na antiga carta arqueológica de Sesimbra, onde são assinaladas duas ocorrências uma atribuída ao paleolítico pela indústria lítica e outra ao Neolítico pelos materiais recolhidos. (Serrão, 1994, p.87,88)

Em 2000 foram efectuados trabalhos de exploração arqueológica por Rosário Fernandes e Leonor Rocha e levantamento topográfico com a colaboração do NECA, no âmbito do PNTA - PNTA/99 – Investigação Arqueológica do Concelho de Sesimbra (CARSE), que confirmaram que a gruta à muito havia sido vandalizada, não obstante, ainda foi possível recorrendo á crivagem das terras depositadas, presume-se pelos violadores, no exterior e dos artefactos encontrados no interior, que a mesma tenha sido ocupada, como espaço sepulcral durante o Neolítico Final / Calcolítico.

Espólio - Foram recolhidas 381 peças maioritariamente contas de colar em xisto, cerâmicas, pontas de seta, lâminas, lamelas e restos de talhe em sílex.

"... para além dos materiais que correspondem aos padrões habituais de espaços de necrópole (pontas de seta, lâminas e lamelas), aparecem também os produtos de talhe (resto de talhe e lascas), que nos levam a questionar sobre o(s) uso(s) deste espaço. Seria apenas um espaço visitado para enterrar os mortos ou teve, nalgumas fases, uma ocupação como espaço habitacional? Ou algum do espólio funerário era preparado no local? ... " (Rosário Fernandes | Leonor Rocha, 2008)

A ausência de materiais de pedra polida deverá estar relacionada com a vandalização a que foi sujeita.

Da análise efectuado pela Dr. Paula Gunzburg, aos restos osteológicos recolhidos resultantes da crivagem das terras do exterior e interior da gruta, apesar de escassos, 75 peças ósseas e 131 dentes, a inventariação de no mínimo terem lá sido sepultados pelo menos 11 indivíduos, sendo 8 adultos e 3 subadultos.

Perante o espólio recolhido pode-se inferir dois períodos distintos de ocupação:

 "...uma que corresponderá, grosso modo, ao Neolítico Final/Calcolítico, documentado através da presença de cerâmicas lisas, da pedra lascada e dos elementos de adorno recolhidos, nomeadamente os alfinetes de cabelo que têm vindo a ser datados da primeira metade do III milénio (Gonçalves, 2005, p. 110) e outro, posterior, genericamente enquadrável nos finais do III milénio, com as cerâmicas campaniformes (Gonçalves, 2008). " (Rosário Fernandes | Leonor Rocha, 2008)

Esperemos que novos trabalhos possibilitem mais resultados.

Texto: Orlando Pinto, 2014